sexta-feira, 29 de maio de 2009

Será que os donos conhecem os seus cães?


Os cães e respectivas raças (moldadas pelo homem nos últimos séculos), mesmo quando integrados na nossa sociedade e na sua família humana, continuam a reger o comportamento pelo seu código genético, o qual teve as suas origens no antigo lobo.

Embora muitos cães e muitas raças tenham sofrido, continuem a sofrer e tenham perdido ao longo do tempo as suas características principais, tudo devido ao desvirtuamento aplicado pelo homem na chamada humanização dos cães, um cão, em termos comportamentais, será sempre um cão.

Existem donos de cães que deixam o seu cão dormir na sua cama, pedinchar comida, saltar para cima das pessoas, saírem sistematicamente livres nos passeios, pedirem festas, iniciar brincadeiras, etc. Tal acontece por indisponibilidade/indiferença em relação ao cão ou tão simplesmente porque entendem (por falta de conhecimento) que assim os seus cães são felizes.

No entanto, tudo se complica quando começam a surgir comportamentos que os donos não entendem, mas que querem desesperadamente resolver. São exemplos disso a falta de controlo, o cão que puxa na trela, o cão que destrói a casa na ausência dos donos, o cão que corre atrás da cauda, o cão que ladra insistentemente sem razão aparente, o cão que corre freneticamente em círculos ou ziguezague, o cão que abre buracos, o cão que simula rituais territoriais (urinando, defecando, ladrando, insinuando sinais de agressividade) e muitos outros exemplos que poderiam ser dados.

Sem perceberem (e muitas vezes não querendo perceber) as razões de tais comportamentos, os donos vão pelo caminho “mais fácil” que, não raramente, apenas tem como consequencia o agravamento dos problemas e o infligir de sofrimento no cão. Em relação a este ultimo aspecto que não hajam duvidas:

- Se o cão ladra, coloca-se uma coleira de choque anti-ladrido. Isto se não for cara, caso contrario, talvez uns baldes de agua fria resultem.

- Se o cão causa estragos em casa, a chegada dos donos, trás com ela uma agressão verbal ou mesmo física (esta ultima é a mais usada).

- Se o cão puxa, aplica-se (de forma errada) uma estranguladora ou um colar correctivo (conhecido como colar de bicos)

- Se o cão urinou no chão da casa, os donos esfregam o focinho do cão no chão.

- Se o cão tenta fugir do quintal, prende-se a uma corrente.

- Se um cachorro morde o que não deve, leva uma pancada no focinho

Lamentavelmente, esta lista de métodos errados, poderia ser mais extensa.

Tudo isto acontece porque ao se querer um cão de companhia, a maioria das pessoas, não quer um CÃO quer apenas aquele animal engraçado que dizem ser o fiel amigo do homem.

Muitos donos não conhecem os seus cães e respectivas necessidades, assim como, muitos políticos e respectivas leis impostas no nosso pais, tão pouco lhes reconhecem qualquer direito.

Colocado recentemente na Web por um anónimo, circula um vídeo, alusivo às declarações proferidas no final do ano transacto, pelo actual candidato ao Parlamento Europeu o Sr. Paulo Rangel.

Dado que estamos num pais democrático, onde se apela ao dever cívico do voto, não quero deixar de dar a minha modesta contribuição, para que em consciência, os portugueses saibam o que é um “exemplo de civismo”. Afinal o “exemplo” vem de cima.

Assim, convido a ver o vídeo em causa:




Cláudio M. Nogueira
www.amigodorottweiler.com
www.youtube.com/cnogueira
http://twitter.com/amigorottweiler

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Procuro cão barato


Procuro cão barato. Esta é uma das frases que mais me invade a caixa de e-mail e talvez a mais vista em alguns fóruns de cães.


É verdade, como em tudo na vida, nos mais diversos sectores, existe a especulação e o negócio puro e duro. Na canicultura não é diferente. Infelizmente.


No entanto, principalmente com animais, é importante saber que há vontades que, não é para quem quer, é para quem pode.


O custo de um cão, quando comprado, não termina no acto da compra. Bem pelo contrario.


Se estivermos a falar de raças catalogadas, erradamente, como potencialmente perigosas, estas terão custos acrescidos, os quais estão relacionados com as obrigações legais impostas pelo governo. No entanto, as despesas, não se ficam por aqui.


Todo e qualquer cão necessita de uma boa alimentação, de cumprir um programa de vacinação adequado, um programa de desparasitação adequado, de acessórios para uso no seu dia-a-dia, de acompanhamento veterinário em caso de doença (em alguns casos medicação recorrente) e, não menos importante, de um bom treino o qual pode acarretar despesas adicionais.


É importante perceber, de uma vez por todas, que o custo de manutenção de um cão é bem superior ao valor da sua compra. Algo que nos pode acompanhar durante dez ou mais anos.


É importante perceber se na realidade existem condições financeiras para se ter um cão. Não basta apenas querer, é necessário também poder.


Se não está disposto em gastar muito dinheiro na aquisição de um cão, porque não adoptar? Pode ser a melhor solução para o futuro dono e futuro cão. Claro está, nestes casos, também não deve descurar os custos de manutenção.


Um criação rigorosa, mesmo que não especulativa, tem sempre valores ligeiramente elevados, os quais estão directamente ligados ao investimento feito na selecção dos progenitores, nos seus mais diversos aspectos. Contudo, e apesar de uma criação rigorosa, existem criadores que em função de determinados objectivos e através de uma selecção cuidada dos proprietários oferecem os seus cachorros. Estes criadores, não devem ser confundidos com os chamados criadores de quintal, aqueles que criam sem qualquer conhecimento ou rigor.


Não pense num cão como um objecto que pode ser comprado em saldo ou dado através de uma campanha de adopção. Pense num cão como um ser vivo que merece ser respeitado e viver com dignidade.