quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

O Perfil do Rottweiler

A história do Rottweiler, conta-nos, que ao longo de alguns séculos, esta raça de cães serviu e continua a servir o homem nas suas mais diversas formas. Eles são excelentes na guarda, no pastoreio, na busca e salvamento, bem como simples cães de companhia. São leais, dedicados e defensores da sua família humana.

O Rottweiler, sem qualquer surpresa, está catalogado como uma raça de trabalho ou de utilidade. A sua estrutura, media grande, acompanhada de uma ossatura e massa muscular fortes, fazem dele um cão possante e relativamente pesado. No entanto, desenganem-se aqueles, que pensam que estamos perante um cão lento e sem agilidade.

A saúde do Rottweiler, globalmente não inspira cuidados de maior, no entanto na sua fase de crescimento, dado ser rápida, deve-se ter particular atenção ao excesso de peso e a uma alimentação adequada. A propensão para a Displasia da Anca e Cotovelo é algo que igualmente merece especial atenção e que por este facto, o respectivo despiste deve ser exigido aos progenitores de qualquer ninhada.


As suas características físicas e psíquicas, exigem uma actividade diária quer através de passeios, quer através do desempenho de algumas funções, como poderá ser um treino devidamente orientado. A ausência e disponibilidade para estas práticas, poderá levar o Rottweiler a impor a sua própria liderança e fonte de entretimento. Se tal acontecer, não será difícil ficarmos perante um cão autoritário, desobediente, destruidor (roer, escavar), barulhento e dono inquestionável do seu território.

Tal facto, não será benéfico para os seus donos nem tão pouco para manter um relacionamento harmonioso com a vizinhança.

O Rottweiler não é uma raça que se dê bem, crescendo sem atenção e orientação, pelo que precisa de ser parte integrante da família humana assim como, conhecer de forma clara, o seu lugar na hierarquia familiar.

Donos, mal informados ou inconscientes, não percebem que esta raça necessita de educação, sociabilização e treino. Com respeito e consistência é uma raça acessível e facilmente treinada para o dia-a-dia. Infelizmente, as leis governamentais de alguns países, inclusive Portugal, bem como algumas companhias de seguros, confundem a irresponsabilidade de alguns proprietários de Rottweilers, com o temperamento de uma grande raça.

Cláudio M. Nogueira

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Compra/Oferta de um cão

É com frequência e também com atenção que ouço os relatos dos proprietários de cães. Enquanto uns relatam, de forma diferente, a forma como os seus cães reagem a pessoas estranhas, outros, igualmente de forma diferente, relatam como os seus cães reagem a outros cães. Inúmeros cenários são colocados pelos donos de forma díspar quer, os cães sejam da mesma raça, ou não.

Se existem aspectos ambientais (forma como são integrados em sociedade / comportamentos adquiridos através da vivência com outros animais) que influenciam a forma de agir dos cães, como se explica que, em igualdade de circunstancias, para o bem ou para o mal, dois cães reajam de forma diferente a cenários iguais?

A resposta está na raça e nos genes que um determinado exemplar transporta.

Quando existe uma selecção cuidada dos cães que são usados para reprodução, as probabilidades de determinadas características (físicas ou temperamentais) passarem de geração em geração, são muito altas. Este facto faz com que a criação apenas devesse ser realizada com um conhecimento real das características de uma raça e com um bom conhecimento da linhagem (reprodutores e seus antepassados) a usar. Infelizmente, na maioria dos casos, esta premissa não se verifica, levando a uma descaracterização das raças ao longo do tempo. Muitas vezes com efeitos nefastos.

Nota: Um cão com Pedigree (LOP), não significa por si só ser um cão de qualidade, tudo dependerá da qualidade real do seu Pedigree (reprodutores e seus antepassados). Quando assim não é, apenas podemos dizer que temos um cão registado no LOP (Livro de Origens Português) o qual é da responsabilidade do Clube Português de Canicultura.


Se a questão genética é sem duvida um aspecto importante no comportamento do cão, não menos importante é o tempo que um cachorro passou com a sua ninhada após o nascimento. Se for retirado da sua mãe antes das sete semanas de vida, o cachorro não aprenderá um conjunto de regras e sinais que serão aprendidos com a sua mãe e os seus irmãos. Fundamentais para a sua vivência e integração futura. Por outro lado, se permanecer mais do que doze semanas, poderá enraizar em função do seu posicionamento na matilha, comportamentos dominantes ou submissos para outros animais ou mesmo pessoas. Uma vez mais, apenas alguém com conhecimento sobre estas e outras matérias inerentes, deve dedicar-se à criação de cães.

Nota: Existem pessoas que reproduzem cães e existem os criadores que fazem beneficiamentos entre dois exemplares, tentando apurar a raça em todos os seus aspectos.

Quando pensar em adquirir um cão ou recebe-lo de oferta, não será aconselhável faze-lo de ânimo leve. Quando assim acontece, pode estar a ficar com uma “bomba-relogio” que quando menos esperar vai rebentar-lhe (hiperactividade, agressividade, fobias, dominância, desconfiança, problemas de saúde, etc) nas mãos.

Se na realidade gosta de animais, não se precipite, seja selectivo e rigoroso, contribuindo para que os criadores de quintal e as Puppy Farms (*) sejam banidas.

(*) – Quintas onde existem cadelas em grande número e em condições precárias, a reproduzir indiscriminadamente, abastecendo o comércio através de lojas de animais e classificados de jornais. Quem não viu ainda anúncios, onde se informa que se vendem cães de todas as raças?

Cláudio M. Nogueira

Conhecer antes de censurar

Infelizmente, o ataque de cães a pessoas contínua, pontualmente, acontecer. Contudo, estes ataques surgem associados a diversas raças de cães ou mesmo a cães sem qualquer raça definida. Os factos e as causas que estão por de trás de um ataque, raramente são analisados e discutidos de forma séria e construtiva. Lamentavelmente, para as vitimas e para os cães, o sensacionalismo, impõem-se de forma mais vigorosa. Quando assim é, pessoas menos informadas e susceptíveis começam a descriminar raças, bem como os proprietários das mesmas. Este cenário, faz crescer cada vez mais um problema social que toma contornos lamentáveis, já que, ofensas verbais, corporais, envenenamento de cães e outros actos pouco dignos, ameaçam directamente aqueles que, de forma responsável, são detentores dos animais visados.

A posse de animais para guarda de propriedades, guarda pessoal ou factor moda, está na sua maioria, na origem dos ataques a pessoas ou a outros animais. A falta de conhecimento sobre aquilo que na realidade é um cão de guarda, aplicada a pessoas que apenas detêm um exemplar, é elevadíssima, sendo de total desconhecimento, para aquelas que, com o mesmo fim, detêm vários exemplares no mesmo espaço. O civismo, a educação, a “cultura” sobre a detenção responsável de um cão, é algo que falta à sociedade portuguesa. Pessoas que procuram um momento de laser em espaços verdes, que querem andar de bicicleta nas ciclo vias, que querem passear em circuitos pedonais, que querem passear o seu cão à trela, têm de ser sistematicamente incomodados com cães soltos e, na sua maioria, sem qualquer controlo de obediência. Estes são os responsáveis directos pelas vítimas humanas que por este país fora vão aumentando de número. Cães perigosos, não são apenas aqueles que atacam pessoas, são também aqueles que, descontroladamente, correm pelas ruas, provocando muitas vezes acidentes de viação e o derrube de crianças e pessoas indefesas.A problemática do ataque de cães a pessoas, não se resolve com listas de cães potencialmente perigosos. A proibição de raças também não é solução.Se juntarmos as diversas listas de cães potencialmente perigosos existentes por esse mundo fora, constatamos, que para alem de raças comuns em cada país, encontramos sempre mais duas ou três diferentes. Poderíamos assim concluir que, afinal, grande parte das raças é perigosa. No entanto, estas listas estão relacionadas com as raças mais populares. Popularidade, que associada à detenção irresponsável, origina os acidentes que lamentavelmente vamos conhecendo. Conclui-se facilmente que o problema não está nas raças, mas no uso indevido das mesmas por parte do homem.Um cão de origens credíveis e cujo o carácter não tenha sido modificado, é sem dúvida um cão de confiança. Uma boa socialização, a par de uma obediência básica rigorosa, é suficiente para termos um cão estável, equilibrado e útil.


O Rottweiler, como muitas outras raças de cães, tem sido ao longo de todo o seu historial, também ele, um cão de utilidade pública. É injusto, para uma raça que na sua maioria de casos, tem ajudado o homem nas mais diversas vertentes, se veja nos dias de hoje, ameaçada pela incúria de alguns dos seus proprietários.

A nós, amigos e defensores do Rottweiler, cabe-nos a tarefa, através do bom senso e um grande sentido de responsabilidade, contribuir para o bom-nome desta extraordinária raça.

Aos demais, em relação à raça Rottweiler e outras, apenas peço para conhecer antes de censurar.

Cláudio M. Nogueira

O Autor do Blog

Uma breve apresentação pessoal

O meu nome é Cláudio Nogueira, nasci em Portugal, mais concretamente na cidade de Lisboa, no ano de 1968.

Hoje, mais do que nunca, posso afirmar que uma das minhas paixões sãos os cães. Sem dúvida animais de grande nobreza. Animais que nos ensinam o sentido da humildade, da lealdade e da devoção.

Não estando profissionalmente ligado aos cães, não deixo por isso de lhes dedicar a devida atenção, procurando simultaneamente defende-los e conhece-los cada vez melhor.

A escolha do Rottweiler

A raça de cães que elegi como sendo a minha preferida, erradamente apelidada, diria mesmo, catalogada como potencialmente perigosa, é a raça Rottweiler.

Sendo uma raça ancestral, a sua história, a sua origem, não é totalmente clara. No entanto, o Rottweiler está identificado como uma raça de cães alemã, a qual foi desenvolvida na localidade de Rottweil (sul da Alemanha). Esta zona esteve nos caminhos do Império Romano, facto que leva a especular, que o cruzamento de cães pertencentes às legiões romanas com cães locais terá dado início ao apuramento do Rottweiler. Esta última versão é ainda hoje muito contestada pelos alemães.

O “mistério” em torno das origens do Rottweiler aliado ao facto do seu nome estar associado a um conjunto de características que o tornavam polivalente, despoletou em mim grande curiosidade. Quando, admirei através de vídeos algumas das suas capacidades funcionais e tive a oportunidade de interagir directamente com a raça, imediatamente, não hesitei. Escolhi, sem qualquer arrependimento, o Rottweiler.

A ingenuidade e a inexperiência

O cenário em Portugal de escassa informação, informação duvidosa e interesses financeiros em torno do Rottweiler, ciclo contínuo e viciado, trouxe-me no passado, como proprietário de um Rottweiler, um conjunto de dificuldades no relacionamento com o cão e com a sua integração em sociedade. Este ultimo aspecto, pelo menos na sua forma, não era coincidente com os pareceres e opiniões de criadores ou profissionais ligados à raça, oriundos de países como Alemanha, Áustria, Estados Unidos da América, os quais, através de e-mail ou literatura de sua autoria, previamente consultei.

Não convencido ou tão pouco conformado com as dificuldades encontradas, procurei conhecimento e apoio fora do círculo de interesses duvidosos, existentes em torno do Rottweiler. Algo que veio a concretizar-se, abrindo novos horizontes e novas realidades sobre a minha perspectiva daquilo que era ser dono de um cão. Este facto, paulatinamente, acabou por me conduzir a percurso no mundo dos cães, um pouco mais para além do “simples” dono de um cão.

A criação e o Afixo Quinta do Negrelho

Num jovem, mas sério percurso na criação da raça Rottweiler, sob o Afixo Quinta do Negrelho, o meu lema foi, e será sempre, não beneficiar exclusivamente o Rottweiler em termos morfológicos ou características temperamentais, mas sim procurar cumprir com aquilo que é pedido pelo estalão da raça.

Resultantes desta postura de criação, onde o equilíbrio foi sempre procurado, destacam-se:

Arty da Quinta do Negrelho
Morfologia: Classificações de Bom e Muito Bom – BH: Apto - Trabalho: RCI III

Baly da Quinta do Negrelho
Morfologia: Classificações de Muito Bom e Excelente – BH: Apto - Trabalho: RCI III

Benji da Quinta do Negrelho
Morfologia: Classificações de Muito Bom – BH: Apto

O Afixo Quinta do Negrelho em Fevereiro de 2009 era o único afixo português com dois cães com Grau III de RCI, três participações na Taça de Portugal de RCI e uma participação no Campeonato do mundo de Rottweilers de trabalho (IFR). Esta última tratou-se da primeira vez que Portugal se fez representar.

A promoção do Rottweiler como cão de trabalho

A experiência que adquiri, nos últimos anos, com o contributo nacional e internacional, permitiram um conhecimento aprofundado em treino de cães. Nesta área acompanhei e formei diversos cães, dinamizando em Portugal a presença de Rottweilers em provas de BH (Cão de companhia) e provas de RCI (trabalho). Na vertente de trabalho fui membro da sub comissão de cães de utilidade para o RCI do Clube Português de Canicultura.

A dedicação ao Rottweiler

A minha dedicação à raça Rottweiler e aos cães em geral levaram-me a ser responsável por inúmeras acções de sensibilização junto da opinião pública, muitas vezes, com a cobertura dos órgãos de comunicação social (TV, Rádio, Imprensa escrita). Igualmente colaborei com as revistas de canicultura portuguesas Cães & Companhia e Os Nossos Cães onde publiquei artigos de minha autoria sobre a raça Rottweiler e provas de Cão de Companhia. Ainda no âmbito da raça Rottweiler, fundei Associação Amigo do Rottweiler.

Assim se passaram 9 anos.

Na Actualidade

Actualmente, dedico-me a acções de formação e sensibilização, tentando juntos dos proprietários de cães (independentemente da sua raça), garantir uma melhor integração dos seus cães em sociedade e no seio familiar.

Mais informações sobre o meu trabalho e sobre o projecto Amigo do Rottweiler, podem ser consultados em:

www.amigodorottweiler.com
www.youtube.com/cnogueira

Cumprimentos

Cláudio Nogueira