terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

A Compra/Oferta de um cão

É com frequência e também com atenção que ouço os relatos dos proprietários de cães. Enquanto uns relatam, de forma diferente, a forma como os seus cães reagem a pessoas estranhas, outros, igualmente de forma diferente, relatam como os seus cães reagem a outros cães. Inúmeros cenários são colocados pelos donos de forma díspar quer, os cães sejam da mesma raça, ou não.

Se existem aspectos ambientais (forma como são integrados em sociedade / comportamentos adquiridos através da vivência com outros animais) que influenciam a forma de agir dos cães, como se explica que, em igualdade de circunstancias, para o bem ou para o mal, dois cães reajam de forma diferente a cenários iguais?

A resposta está na raça e nos genes que um determinado exemplar transporta.

Quando existe uma selecção cuidada dos cães que são usados para reprodução, as probabilidades de determinadas características (físicas ou temperamentais) passarem de geração em geração, são muito altas. Este facto faz com que a criação apenas devesse ser realizada com um conhecimento real das características de uma raça e com um bom conhecimento da linhagem (reprodutores e seus antepassados) a usar. Infelizmente, na maioria dos casos, esta premissa não se verifica, levando a uma descaracterização das raças ao longo do tempo. Muitas vezes com efeitos nefastos.

Nota: Um cão com Pedigree (LOP), não significa por si só ser um cão de qualidade, tudo dependerá da qualidade real do seu Pedigree (reprodutores e seus antepassados). Quando assim não é, apenas podemos dizer que temos um cão registado no LOP (Livro de Origens Português) o qual é da responsabilidade do Clube Português de Canicultura.


Se a questão genética é sem duvida um aspecto importante no comportamento do cão, não menos importante é o tempo que um cachorro passou com a sua ninhada após o nascimento. Se for retirado da sua mãe antes das sete semanas de vida, o cachorro não aprenderá um conjunto de regras e sinais que serão aprendidos com a sua mãe e os seus irmãos. Fundamentais para a sua vivência e integração futura. Por outro lado, se permanecer mais do que doze semanas, poderá enraizar em função do seu posicionamento na matilha, comportamentos dominantes ou submissos para outros animais ou mesmo pessoas. Uma vez mais, apenas alguém com conhecimento sobre estas e outras matérias inerentes, deve dedicar-se à criação de cães.

Nota: Existem pessoas que reproduzem cães e existem os criadores que fazem beneficiamentos entre dois exemplares, tentando apurar a raça em todos os seus aspectos.

Quando pensar em adquirir um cão ou recebe-lo de oferta, não será aconselhável faze-lo de ânimo leve. Quando assim acontece, pode estar a ficar com uma “bomba-relogio” que quando menos esperar vai rebentar-lhe (hiperactividade, agressividade, fobias, dominância, desconfiança, problemas de saúde, etc) nas mãos.

Se na realidade gosta de animais, não se precipite, seja selectivo e rigoroso, contribuindo para que os criadores de quintal e as Puppy Farms (*) sejam banidas.

(*) – Quintas onde existem cadelas em grande número e em condições precárias, a reproduzir indiscriminadamente, abastecendo o comércio através de lojas de animais e classificados de jornais. Quem não viu ainda anúncios, onde se informa que se vendem cães de todas as raças?

Cláudio M. Nogueira

1 comentário:

  1. A decisão de comprar um cão, sem duvida, é um acto que deve ser bem ponderado e estudado.

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